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Os psicofármacos estão entre as classes medicamentosas mais prescritas mundialmente, sendo seu uso considerado exacerbado e indiscriminado. O uso de tais medicamentos é visto como meio rápido para a resolução de problemas de diversas origens, em que os usuários que necessitam de atenção em saúde mental estão entre as classes mais susceptíveis. Em oposição a este modelo de atenção à saúde, a Gestão Autônoma da Medicação questiona o uso de psicofármacos no tratamento as pessoas portadoras de transtornos mentais. Para lidar melhor com essa questão, os enfermeiros da Atenção Básica precisam estar atentos aos diversos aspectos relacionados à farmacoterapia dos sujeitos e, para tanto, podem utilizar a educação em saúde como uma estratégia que contribui para a formação da consciência crítica das pessoas a respeito de seus problemas de saúde a partir da sua realidade. Logo, esta pesquisa teve o objetivo de compreender as vivências dos usuários de psicofármacos à luz dos princípios da Gestão Autônoma da Medicação. Trata-se de um estudo descritivo exploratório de cunho qualitativo, realizado em uma Unidade Básica de Saúde no município de Recife, Pernambuco. O recrutamento dos participantes foi realizado a partir do grupo de saúde mental da unidade e adotou-se o critério de saturação teórica das respostas para delimitar a quantidade de participantes, assim 20 indivíduos compuseram a amostra. A coleta de dados aconteceu por meio de entrevista individual semiestruturada com triangulação de dados por meio de relato oral do participante, observação simples e diário de campo. A análise dos dados foi realizada com auxílio do software IRAMUTEQ. Dos dados emergiram três categorias temáticas que abordam as experiências dos usuários sobre o uso de psicofármacos e as relações interpessoais desenvolvidas por estes: Experiências dos usuários com psicofármacos, Repercussões do uso crônico de psicofármacos e Relações interpessoais dos usuários. Conclui-se que o uso contínuo de psicofármacos repercute de maneira negativa na vida das pessoas, interfere no cotidiano e podem fragilizar o desenvolvimento de vínculos pelos usuários. Portanto, conhecer o significado que a medicação ocupa na vida dos indivíduos deve assumir centralidade no cuidado em saúde mental para que se possam alcançar tratamentos efetivos considerando a necessidade do indivíduo e sua singularidade.

Palavras-chave: Psicotrópicos; Atenção Primária à Saúde; Educação em Saúde; Enfermagem; Saúde Mental.

RI UFPE: Vivência dos indivíduos sobre o uso de psicofármacos à luz da gestão autônoma da medicação