Este artigo, fruto de uma pesquisa de doutorado, toma como objeto de estudo as narrativas de uma professora da Educação Infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental de uma instituição pública municipal, e tem como objetivo discutir a constituição da docência como processo que se dá na relação com as crianças. A estratégia metodológica, sustentada no diálogo com Walter Benjamin (1994; 1995; 2006) e Martin Buber (2003; 2009; 2012), foi de analisar as narrativas da trajetória da professora no cotidiano escolar em seu diálogo com as crianças. O caderno com os registros dessas conversas converte-se, dessa forma, em empiria de pesquisa. Assim, as narrativas biográficas são compreendidas enquanto metodologia de pesquisa e de formação (JOSSO, 2004). As análises destacam: as crianças como depoentes privilegiados de sua condição, e que nos dão pistas sobre as relações que estabelecem com os professores na escola, indicando possibilidades outras para o desenvolvimento da prática pedagógica; a docência como processo inacabado, aberta a construções e desconstruções; as narrativas biográficas como caminho para a constituição de uma identidade profissional; a importância de espaços e tempos garantidos na escola para que os professores produzam seus registros, considerando-os como possibilidade de pensar o trabalho. Nesse sentido, como experiência, a pesquisa e o texto narrativo são acontecimentos do presente.
Palavras-chave: Narrativa. Professores. Criança. Escola. Formação.
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