Em 2009, um grupo de pesquisadores das universidades UNICAMP, UFRGS, UFF e UFRJ aliou-se a pesquisadores da Universidade de Montreal através da Aliança Internacional de Pesquisa Universidade Comunidade – Saúde Mental e Cidadania (ARUCI-SMC), que possibilitou a importação da Gestão Autônoma da Medicação. Ao longo do processo de pesquisa que vai de 2009 até 2014, nós, pesquisadores da UFF, passamos por três fases: 1) Tradução e adaptação do Guia GAM à realidade brasileira em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nos estados do RJ, SP e RS, 2) Validação do Guia GAM no município de São Pedro da Aldeia (RJ) e 3) Oferta de Apoio Institucional ao Fórum dos Trabalhadores da RAPS e Apoio Matricial à implantação dos grupos GAM no CAPS do referido município. Traduzindo a GAM do Canada para o Brasil, orientados pela metodologia de pesquisa-intervenção participativa, buscamos transformar práticas ligadas à prescrição de medicamentos psiquiátricos, e esbarramos em várias outras práticas prescritivas. A experiência de Apoio Institucional e Matricial descrita e analisada neste trabalho problematiza as várias práticas prescritivas que podem comparecer no cotidiano do trabalho em Saúde Mental, e propõe que possamos nos aventurar em exercícios de tradução entre diferentes perspectivas, experimentando novas relações entre usuários, familiares, trabalhadores e pesquisadores. Em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Reforma Psiquiátrica, essa pesquisa afirma a necessidade de promovermos a participação e a autonomização dos diferentes atores que compõem o campo da Saúde Mental, e aponta um caminho possível que vai na direção da ampliação de redes de relações que possam acolher a singularidade.
Palavras-chave: Apoio Institucional, Apoio Matricial, Medicalização, Saúde Mental, Pesquisa-intervenção.