No Brasil, o campo da saúde, em especial a saúde mental, adota o conceito de ‘autonomia’ e tem por ele muito apreço, conforme explicitado em grande parte das políticas públicas da área, sem, no entanto, descrevê-lo ou problematizá-lo. Em geral, as pesquisas de campo voltadas ao contexto da saúde mental pressupõem um entendimento a priori ou naturalizado de autonomia. O objetivo desta pesquisa de mestrado é abordar a autonomia em três ênfases: conceito, exercício e ato. Como conceito, traçamos um breve percurso histórico-filosófico a fim de clarear, problematizar e atualizar o termo ‘autonomia’. Como exercício, buscamos elucidar, a partir da pesquisa e estratégia da Gestão Autônoma da Medicação (GAM) em seus cinco anos de existência e atuação, exercícios do conceito, êxitos, tropeços e capturas. E, como ato/performance, apresentamos a experiência de um laboratório de imersão. Tratamos, como laboratório, uma viagem a Montreal-CA durante 15 dias em novembro de 2013, realizada por dez pessoas que participaram como pesquisadores no projeto GAM (usuários de saúde mental e discentes das universidades envolvidas). A GAM aposta numa metodologia participativa de se fazer pesquisa e saúde mental, considerando todos os envolvidos como pesquisadores e esfumaçando o lugar de sujeitos de pesquisa. Em afinidade com tal proposta, adotamos para esta dissertação a metodologia cartográfica, a dissolução do lugar do pesquisador, a valorização da experiência. O trabalho que segue é composto também de fotografias, links para vídeos e blog, uma narrativa, todos feitos coletivamente. Trata-se de uma produção que não passa somente pela escrita, tão pouco unicamente pelas mãos da mestranda.
Palavras-chave: Autonomia. Saúde Mental. Gestão Autônoma da Medicação.