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Como as crianças podem participar do cuidado em saúde mental? Como aquelas que historicamente não são vistas como sendo responsáveis e tendo condições de responderem por si podem ter direito a participar, opinar, se expressar? Este trabalho parte de uma pesquisa situada no campo da Saúde Mental Infanto-juvenil que visa problematizar a baixa participação de crianças e seus familiares nos tratamentos, principalmente no que tange à gestão da medicação. Apesar dos avanços obtidos no processo da Reforma Psiquiátrica brasileira e das mudanças significativas em relação aos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde, a questão da medicação é ainda um ponto nevrálgico nesse processo. As experiências vividas pelos usuários de saúde mental e seus familiares raramente são consideradas como parte do saber em relação ao tratamento. E quando esses usuários tratamse de crianças, essa problemática se torna ainda mais complexa e desafiadora. Além dos engessamentos e barreiras impostas pela produção do diagnóstico de transtorno mental, essas crianças também são marcadas por uma certa construção histórica de imagens da infância, as quais, por um lado, possibilitaram a proteção das crianças, mas, por outro, acabaram gerando impossibilidades e limites à participação infantil em seus processos de cuidado. A partir da proposição de um Grupo de Intervenção com familiares no Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil (CAPSi), baseado na Estratégia da Gestão Autônoma da Medicação (GAM) esta pesquisa teve como direção de trabalho a deterioração de algumas imagens cristalizadas da infância, apostando, então, na construção de outras relações com as crianças, de outros modos de pensar e de estar com elas, tendo como investimento ético-político o exercício da participação.

Palavras-chaves: participação, estratégia GAM, infância, saúde mental, autonomia.

RiUfes: A participação de crianças e familiares no cuidado em saúde mental : um grupo GAM no CAPSi de Vitória-ES