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Esta tese discute, em três capítulos, a noção de experiência presente nas publicações sobre a estratégia da Gestão Autônoma da Medicação no Brasil desde sua chegada no país - em 2009 - até o ano de 2018. O trabalho constitui-se como uma análise documental de dados secundários, em que foram material prioritário de análise os quase trinta artigos publicados no período. São interlocutores destas análises Walter Benjamin, Giorgio Agamben e Jorge Larrosa, num primeiro momento. Posteriormente, buscamos a companhia de autores da literatura decolonial, no intuito de nos aproximarmos das particularidades que dizem respeito à população brasileira no que tange às questões das subalternidades, como Achille Mbembe, Gayatri Spivak, Conceição Evaristo, entre outros. No primeiro capítulo apresentamos os diferentes empregos que a noção de experiência ganha no textos, com ênfase para a diferença entre dois campos semânticos: o primeiro, onde ela vai significar aquilo que o sujeito vive ou experimenta; e o segundo, o qual entendemos mais forte e relevante para o campo da saúde mental, onde ela vai significar aquilo que resta da travessia de um perigo. Nosso mergulho nessas publicações nos permitiu afirmar que a GAM tem se constituído como uma experiência para seus participantes, sejam eles usuários, trabalhadores, pesquisadores. No segundo capítulo, abordamos as diferentes formas como a estratégia GAM acessa a experiência dos sujeitos nesse encontro entre usuários, familiares, trabalhadores e pesquisadores no campo da saúde mental, mostrando os efeitos de coletivização aí produzidos. No terceiro capítulo apontamos para a invisibilidade e silenciamento da abordagem das questões étnico-raciais na estratégia GAM, ao mesmo tempo em que localizamos situações que demonstram a resistência e as saídas dos usuários para enfrentar a opressão, de forma que podemos reconhecer na GAM um potencial antirracista, podendo vir a se desenvolver e fortalecer.

PALAVRAS-CHAVE: Experiência, Gestão Autônoma da Medicação, Relações Étnico-Raciais, Decolonialidade.

Microsoft Word - Tese Livia Zanchet 2019.docx (ufrgs.br)