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No contexto atual, onde o saber científico se sobrepõe ao saber experiencial, a inclusão das posições dos usuários de serviços de saúde no direcionamento dos seus tratamentos ainda está distante da realidade. Esta tese reporta aspectos de uma pesquisa qualitativa que teve a oportunidade de intervir em práticas de cuidado em 10 serviços de saúde de dois municípios do Estado de São Paulo (Campinas e Amparo). Seguindo o princípio da Reforma Psiquiátrica brasileira da defesa dos direitos do usuário em participar das decisões sobre seu tratamento, utilizou-se a estratégia da gestão autônoma da medicação, de 2011 a 2012. Tal estratégia tem como proposta “empoderar” os usuários quanto ao uso de medicamentos em seus projetos terapêuticos. A partir de entrevistas semiestruturadas com os moderadores destes grupos, antes e depois da intervenção, construiu-se narrativas sob os preceitos da hermenêutica gadameriana. Os trabalhadores que experimentaram a estratégia assumiram um papel mais crítico quanto suas próprias práticas clínicas. Identificaram na metodologia horizontal, grupal e direcionada para uma escuta não filtrada pelas categóricas científicas do campo da saúde uma ferramenta para a valorização da voz dos usuários. Relataram que a individualidade de cada sujeito foi fonte de um saber capaz de promover uma clínica mais flexível e propícia para uma construção conjunta de ações de saúde. Perceberam também que os usuários puderam repensar o papel dos medicamentos em suas vidas e, apesar das resistências institucionais, autorizaram-se a negociar seus tratamentos com seus prescritores. Palavras-chave: Serviços de saúde mental, Tomada de decisões, Autonomia pessoal, Psicotrópicos.

https://www.fcm.unicamp.br/fcm/sites/default/files/paganex/deivisson2014doutorado.pdf